A invencível Noruega

Seleção da Noruega na Copa do Mundo de 1994

Dentre os mais de 90 países que a seleção brasileira enfrentou, existe apenas um que já venceu a seleção canarinho e que nunca foi derrotado pelos brasileiros. E como o título do texto já adianta, esse país é a Noruega.

O futebol não é uma novidade no país escandinavo. Apesar das poucas participações em competições internacionais com sua seleção (Copas do Mundo de 1938, 1994 e 1998 e  Eurocopa de 2000), a federação local foi fundada em 1902. Os estádios do país costumam lotar para assistir aos principais clubes locais, como os populares Rosemborg, Molde ou o Lillestrom, e chutar uma bola de futebol é a prática esportiva mais popular entre os noruegueses. Recentemente, o furacão Haaland (atacante do Borussia Dortmund) tem colocado em evidência novamente o futebol do país.

A seleção brasileira já encontrou a Noruega pela frente em quatro oportunidades. Falemos da primeira delas…

Oslo, no caminho das Olímpiadas de Seul

Os brasileiros estavam confiantes para conquistar a medalha de ouro nos jogos olímpicos de Seul, em 1988, e para isso, além de uma forte equipe, comandada por Carlos Alberto Silva, foi planejada uma verdadeira maratona de amistosos de preparação para aquele time.

No dia 28 de julho de 1988, pela primeira vez na história, estavam em campo brasileiros e noruegueses, na cidade de Oslo, capital da Noruega. Pelo lado brasileiro, os ainda jovens Taffarel, Jorginho, Ricardo Gomes, Valdo e Romário. Era, de fato, uma forte seleção brasileira.

Porém, o jogo terminou empatado. O então atacante do Lillestrom, Jan Åge Fjørtoft, com seus 21 anos, marcou o primeiro da partida aos 4 do segundo tempo, e o experiente atacante do Corinthians, Edmar, que reforçava aquele time de jovens talentos olímpicos, empatou faltando pouco menos de 10 minutos para o final. E foi só naquele embate de 1988: Noruega 1 x 1 Brasil.


Jan Åge Fjørtoft, autor do primeiro gol da história dos confrontos entre Brasil e Noruega

Nove anos depois… e o Brasil volta a Oslo

Eram 1290 dias sem perder por parte da seleção brasileira principal. Ou, em números de jogos, 46, incluindo toda a campanha do tetra em 1994. E lá foi a seleção brasileira, em preparação para o Mundial de 1998, jogar contra a Noruega em Oslo novamente, o dia era 30 de maio de 1997.

Dessa vez, o treinador Zagallo pôde contar com o que o país tinha de melhor, e entrou em campo com a seguinte escalação: Taffarel, Cafu, Célio Silva, Márcio Santos e Roberto Carlos; Mauro Silva, Dunga, Djalminha e Leonardo; Romário e Ronaldo. Sim, estavam em campo, juntos, ROMÁRIO e RONALDO.

Do lado norueguês, os destaques ficavam por conta de Rekdal e Tore Andre Flo. A curiosidade fica por conta do pai do atual artilheiro Haaland, trata-se de Alf-Inge Haland, que compunha o sistema defensivo dos escandinavos.

Mais de mil dias e quase 50 jogos de invencibilidade começaram a ser minados pelos noruegueses em apenas 8 minutos de jogo. O atacante Petter Rudi, que defendia o inglês Sheffield Wednesday na época, marcou logo no início. Dez minutos depois, Tore Andre Flo (que jogava no Chelsea) marcou mais um. Na sequência, aos 19 do primeiro tempo, Djalminha descontou e parecia que o Brasil tinha acordado. Mas aos 32 minutos, lá estava ele de novo, o gigante Tore Andre Flo, do alto dos seus 1,93m, para fazer inacreditáveis 3 a 1 para a Noruega ainda na primeira etapa.

Ronaldo entre os noruegueses Henning Berg (primeiro plano) e Alf-Inge Haland (ao fundo). Romário observa o lance ao fundo.

No segundo tempo, Romário, em jogada bem ao seu estilo, descontou para os brasileiros e, de novo, deu a impressão de que o Brasil correria atrás do prejuízo, mas… aos 27 do segundo tempo, Egil Østenstad (que atuava pelo Southamptom da Inglaterra) deu números finais à partida. Caia uma longa invencibilidade da equipe brasileira, e foi a única derrota de Ronaldo e Romário juntos na seleção: Noruega 4 x 2 Brasil.

Copa do Mundo de 1998: o confronto mais importante entre Brasil e Noruega

Quis o destino, e as bolinhas do sorteio da FIFA, que Brasil e Noruega caíssem no mesmo grupo da Copa do Mundo de 1998, disputada na França. As duas seleções tinham, no Grupo A da Copa, a companhia de Escócia e Marrocos.

O confronto entre as equipes, pela primeira e única vez até hoje disputado fora de Oslo, aconteceu em Marselha, no dia 23 de junho de 1998. Era a terceira rodada da primeira fase do mundial. O Brasil, com 6 pontos, já estava classificado em primeiro lugar da chave. A Noruega, com 2 pontos, precisava da vitória para se classificar caso houvesse vencedor na partida entre Escócia e Marrocos. As informações da partida disputada em Saint-Étienne começavam a chegar e os marroquinos, ainda no primeiro tempo, já ganhavam por 2 gols de diferença. Acabaram vencendo por 3 a 0. Ou seja, para os noruegueses, apenas uma improvável vitória sobre a forte seleção brasileira interessava. Em campo, o Brasil tinha naquele dia: Taffarel, Cafu, Júnior Baiano, Gonçalves e Roberto Carlos; Dunga, Leonardo, Rivaldo e Denilson; Bebeto e Ronaldo. A Noruega dispunha do atacante Tore Andre Flo em campo, Rekdal estava também mais uma vez escalado pelos escandinavos e um jovem, hoje treinador do Manchester United, Ole Gunnar Solskjær, entrou em campo aos 23 do segundo tempo.

Após um primeiro tempo que terminou empatado sem gols, a partida seguiu com dois zeros no placar até os 33 minutos do segundo tempo, quando Bebeto parecia começar a definir o jogo ao fazer 1 a 0 para os brasileiros. A Noruega partiu, então, com tudo para o ataque, afinal só a vitória os colocaria nas oitavas de final pela primeira vez em sua história. O inacreditável começou então a acontecer, e ele, sempre ele, Tore Andre Flo (que ainda estava no Chelsea), aos 38 minutos da etapa final, após um drible que deixou o zagueiro brasileiro Júnior Baiano até hoje procurando o atacante, empatou a peleja.  Aos 43 minutos, mais uma vez Júnior Baiano e Flo disputam uma jogada na área e o zagueiro comete pênalti no norueguês. O experiente Rekdal (que defendia o Hertha Berlin na ocasião) cobra e vira a partida. A Noruega estava classificada. Resultado final na noite de verão francesa em 1998: Brasil 1 x 2 Noruega.

Tore Andre Flo se livra de Júnior Baiano para empatar o jogo na Copa do Mundo de 1998
Rekdal cobra o pênalti e decreta a histórica virada norueguesa

2006, o último confronto entre Brasil e Noruega até hoje

Após a derrota brasileira na Copa do Mundo de 2006, o treinador Carlos Alberto Parreira deu lugar ao jovem, porém ainda inexperiente na função, Dunga. E a estreia do ex-jogador como técnico da seleção aconteceu justamente em um amistoso em Oslo, capital da Noruega.

No dia 16 de agosto de 2006, brasileiros e noruegueses disputaram sua última partida até aqui. Pelo lado brasileiro, além da primeira partida de Dunga como treinador, os destaques em campo eram o goleiro Gomes, o zagueiro Juan, Gilberto Silva no meio e o jovem atacante Fred no ataque. Pela Noruega, destaque para a presença, dessa vez como titular, de Solskjær e do bom defensor Riise.

Os gols da partida saíram no segundo tempo, e, como sempre aconteceu nos jogos entre as duas seleções em Oslo, os noruegueses abriram o placar. Aos 5 minutos da etapa final, Pedersen, que ainda joga e na época jogava pelo inglês Blackburn Rovers, marcou o gol da Noruega. O Brasil correu atrás do empate e conseguiu igualar o resultado. Aos 16 minutos do segundo tempo, Daniel Carvalho marcou para os brasileiros. Mas foi só, invencibilidade norueguesa mantida: Noruega 1 x 1 Brasil. 

Ole Gunnar Solskjær na partida entre Noruega e Brasil no ano de 2006.

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